sábado, 16 de julho de 2011

Amar sem deixar de viver

É difícil de entender. Bom! Para quem tenta entender é mais difícil ainda. Ficamos bobos. Deixamos de fazer nossas coisas. Nem fome sentimos como antes. Agimos de formas até então jamais possíveis. Em alguns casos, perdemos o controle. Mas... Isto tudo aqui e muito mais caracterizam aquele sentimento que as pessoas sentem e vivem intensamente em algum momento de suas vidas. E infelizmente, ele é confundido com uma série de outros sentimentos. É quando surge aquela perguntinha: Será que é mesmo amor?
Até pode ser. Afinal não há nada mais sincero e afetuoso do que amar alguém. E mais, demonstrar este sentimento. Amigos. Pai. Mãe. Avós. Irmãos. Colegas e por aí se vai. Mas neste caminho, pode surgir alguém que vai tentar roubar o amor de uma maneira mais intensa. E pronto. Começa uma nova página na vida. O cenário tende a mudar de figura. Você tende a mudar e, sem dúvida começa a fazer todas estas “loucuras”.
Amor! Um sentimento que pode ser bom, ótimo, excitante, ofegante, estonteante e, em certos casos, tende a ser um fator responsável por mudanças em nossas atitudes, nas nossas formas de entender nossos contextos e, principalmente de entender o outro.
Por outro lado, este mesmo sentimento pode agir como um determinante, cheio de aspectos negativos e destrutivos. Este dilema pode ter inicio no momento em que começa a busca pela certeza de que se está ou não amando. Depois, pode sim surgir uma relação. O ruim é quando ela vem acompanhada de expectativas, que poderão transformar-se em decepções, frustrações, gerando lágrimas e impedindo o sujeito em questão de agir com a razão. Mas o pior existe mesmo, quando esta relação não tem interesses mútuos.
Como sabemos, a vida é uma caixinha de surpresas; E não há nada mais natural do que permitir que seja ela, a responsável por organizar este momento e colocarmo-nos diante dele. Um momento que pode ser daqui a um ano, dois ou quatro. Pode ser semana que vem, amanhã. Pode ser agora mesmo. Não sambemos. Sinceramente, creio que jamais saberemos ou, pelo menos esta habilidade – de poder enxergar quando iremos pechar com o amor, não nos cabe. A nós cabe apenas, viver. Fazer planos? É sempre bom ter metas, porém ser tão premeditado, não é nem um pouco ousado e arriscado para quem topa viver uma aventura ou, simplesmente esperar por ela.
Vamos fazer o seguinte: Enquanto a vida se encarrega em preparar o tão esperado momento, a gente se engaja em cuidar do nosso viver. É evidente que sempre podemos dar uma ajudinha a ela. Um sorrisinho daqui, uma piscadela acolá, mas não vamos deixar as nossas atribuições com a vida de lado. Estudar, trabalhar, amar também – aqueles que nos cercam e que nos oferecem seu amor. E esperar o momento certo, no dia certo e com a pessoa... Certa ou não? É você quem irá decidir. Boa Sorte. 



A Voluntários

Um núcleo. O miolo que vive repleto. O punhado central da mais bela. O ponto principal e mais essencial das partes da incrível, da diversificada e da grande Porto Alegre. Não existe um ponto de partida ou o início do desemboque. Seja entrando na Avenida Farrapos, desembarcando na Estação Rodoviária ou saindo das extremidades de um dos bairros desta esplêndida cidade, ele será sempre um ponto de referência. Em alguns casos, será simplesmente o ponto. Só poderia ser ele, o centro histórico da capital gaúcha.
Passamos pela Voluntários de Pátria. Embora não saiba ao certo onde se dá seu início, é possível afirmar que ela é responsável por grandes ligações. Ruas paralelas e ramificadas compõem esta mini praça de variedades. Isto sem falar na Rua dos Andradas, aquela que serve de cover da 25 de março. Mas fiquemos na Voluntários. Num espaço mega estreito, seja nas calçadas ou no próprio meio da rua, existem aglomerados; As vozes do perigo começam na ausência de policias. Eles podem estar em peso nos desfiles da Beija-Flor, mas no dia a dia dos cidadãos a segurança é escassa. Quem não tem ouro em casa, pode adquirir algumas peças facilmente; Basta se dirigir aos gritos exaltados que saem de todos os cantos. Celulares e DVDs piratas. Os calçados esportivos são oferecidos aos quilos, sobressaindo-se pelo baixíssimo preço e por suas mais diversas marcas e estilos – ainda não subimos no Centro Popular de Compras, vulgo Camelódromo e eternos camelôs. No lado esquerdo a abordagem dos panfleteiros é estonteante. O esquerdo é relativo, sei. Mas você pode estar no seu esquerdo e terá os mesmos folhetos. Pegue-os! Caso queira evitar um jogo de marketing. Na calçada ao lado, salgados e doces estão à venda. Os preços? Variam conforme a quantidade a ser comprada. Faça um teste e, certamente, você terá três pastéis por um real. A proteção para o seu cartão de passagens está bem a sua frente. Basta solicitar atendimento ao senhor que está ao lado do vendedor de guarda-chuvas. Foi bom falar neles. Afinal é sempre aconselhável prevenir-se da chegada da chuva. Não pelas gotas somente, mas sim pelos tombos, ombradas, bolçadas e atropelamentos. Bengalas são perdidas, panos sintéticos cobrem os produtos e as bugigangas expostas, pernas saltitantes e uma sensação de adrenalina surge. Não apenas pelo condensamento da atmosfera, mas também quando alguém é sorteado para ser assaltado. Você pode ser do tipo que faz nada. Realmente, sempre perguntamo-nos: Mas o que eu poderia fazer? Até chegar a BM, a vítima retira a força suas cédulas no estabelecimento bancário, sob a ameaça de levar um tiro na cabeça. E infelizmente acontece, às vezes, sem sequer chegar ao banco.
Perto do meio dia, as opções de cardápio passam da casa dos trinta. Ala minutas, pratos feitos, lanches e churrasquinhos. Uma latinha substitui facilmente aquela garrafa de dois litros. Sejam grandes ou pequenos, os grupos preenchem as cadeiras das mesas. No plural, pois elas são sempre grudadas uma na outra. A refeição pode ser feita em pé, uma vez pronto o cachorro-quente dentro de cinco minutos. De qualquer modo, seja na banca do hot dog ou no segundo andar do prédio do McDonald's, o almoço irá satisfazer a todos.
Deixando o sorvetinho para depois, é possível dar uma passadinha breve no CPC e visitar as mais distintas bancas. Uma ao lado da outra; Isto é uma boa tática, afinal nem sempre eles têm uma nota de dez para retribuir o troco do cliente. Nos corredores, uma composição de lojinhas versáteis e pequenas. Cabides, pelúcias, vendedores e muitas oncinhas – algumas recém-saídas do caixa automático. Porretes são segurados pelos seguranças, mas mesmo assim camisetas são furtadas ousadamente. Se você cansou, desça pela escada rolante.
A diante, seguindo em direção ao famoso Mercado Público, um circo é oferecido à população – não deixando de lado os mendigos, que ilustrarão o viaduto Otávio Rocha. O homem das facas chama a atenção do povo com seus movimentos acrobáticos e fenomenais. É extraordinária a imobilização da estátua humana. Considerando que isto não irá te custar mais de dez centavos.
Um espaço que já serviu de palanque para o Lula. Um local que reúne políticos, jovens revolucionários, feiras, passeatas e grandes movimentos. A esquina democrática do centro da capital é, sem dúvida, um marco de realizações.  
Porto Alegre pode ser vista por diferentes ângulos. Muitos turistas adorariam ter a chance de viver nesta ilustre cidade, que recebe o nome característico do sentimento de muitos de seus habitantes. E é esta alegria que abastece constantemente o pessoal da Voluntários da Pátria; Uma rua cheia de opções e personagens fabulosos, que estarão sempre esperando por você.                              





Sexo! Que bicho é esse?

Século XXI. Era Digital. Fecebook. Twitter (as crianças também usam). Mulheres frutas. Você, você, você quer (quantos vocês neste versinho?). Dilma no poder. Novela das 11 no ar. União Gay. Anjinhos gritam: “O bulliyng mata” (foi preciso chegar a tanto). Neymar, talvez o novo craque, mais um Pelé na história. Mas não pára por aí... 2011! Dois anos sem o rei do Pop. Bruna (a surfistinha) é campeão de bilheteria. O acesso às universidades facilitou para todos. No BBB, uma transex (a primeira eliminada). A copa do mundo será no Brasil (gosto disso). Muitos nascem. Muitos morrem. O tempo passa, mas ele continua sendo um tabu.
Vamos admitir que o sexo é uma necessidade básica do ser humano. Seja pela procriação. Pela preservação da espécie humana. Para que o homem precisamente prove sua masculinidade. Ou simplesmente pelo orgasmo – quem não nunca teve um terá um dia. Mas além de uma necessidade é uma fonte de prazer. Uma nascente que envolve mitos, histórias, mistérios, paixão e muito desejo.
Durante muitas décadas o ato sexual foi contornado por preconceitos e julgamentos injustos. As pessoas (mesmo as que somente pensavam) eram punidas com ofensas, críticas e banimentos. Ajoelhar-se no milho, rezar alguns pai nossos e até mesmo confessar ao Padre seus mais íntimos anseios. Isto quando a sociedade da época não os apontava como impuros, sujos e torpes. Eram estas algumas das represálias que alguém poderia sofrer simplesmente por estar associado ao sexo.
Mas e hoje, em meio a tanta evolução e alguns progressos. Como está este cenário? Como as pessoas lidam com a sua sexualidade? Com seus desejos? Será que ainda existem privações? E o que é pior, punições (e autopunições). 
É infelizmente o sexo ainda é aquele assunto falado aos cochichos e ao pé do ouvido. Perto das crianças, nem pensar. E assim, aos poucos estamos retrocedendo. Nas novelas, apenas o lado bom é mostrado; ninguém sofre de ejaculação precoce. Só os musculosos e as ideias, as bonitas e as torneadas. No caso dos idosos, um beijinho no rosto e no máximo um selinho. Hoje, algumas cenas até mostram a camisinha. Já na vida real, o contraste é um pouco diferente. Alguns casais têm a vida sexual limitada; Seja pelo cansaço, pela rotina, pelo trabalho ou os filhos. Bom tocar neste âmbito, já que pais não falam do tema com os filhos, sustentando a curiosidade e as dúvidas nesta fase cheia de descobertas. É importante que a relação entre pais e filhos englobe também estas questões, pois são aspectos naturais e inerentes a qualquer fase da vida.
Vamos adiante... Na sala de aula, os risos e os falsos medos (quero assim nomear os sentimentos daqueles que preferem tapar os ouvidos diante de uma aula que traga como tema o sexo). Os professores. Sei. Alguns realmente evitam o assunto. Pelo receio. Talvez dos pais, que não falam a respeito, mas também não querem que o façam. São muitas opiniões. São muitas visões. Cada um com seu modo de encarar isso. Com sua crença. Nossa! E o que falar desta? As crenças também trazem opiniões. E infelizmente algumas podem se espalhar tornando algumas destas visões mais estreitas ainda. Para a igreja, sexo apenas para procriar – eles ainda vão contra o preservativo. Quanto fundamentalismo. E mais: só depois do casamento. Mas casamos com quem amamos, não? Pelo menos deveria ser assim. Entretanto existe uma série de fatores que corroboram este amor. Vamos supor que a pessoa não chegue a este estágio (o amor), ela não fará sexo?
E a internet? Falamos da ficção, do real, mas há também o virtual, ou melhor, o sexo virtual. Sim, eles procuram, pouco conversam e já se tornam íntimos. Basta um clic na webcam e pronto. É só fazer caras e bocas, teclar um pouco e se masturbar. Alguns trocam fotos, outros telefones e, em certos casos o virtual vira real.
Diante de tantas modalidades não dá pra encarar o sexo como algo de outro mundo. Ter tanto preconceito pode afetar as próprias relações.
O melhor caminho, portanto, é se conhecer. Não se prive de tocar-se. Não se prive de ousar. Isto não significa que você vai levantar agora e sair em busca de sexo fácil. Afinal é sempre aconselhável ter consciência e agir com segurança. O medo pode se transformar em alegria. E cruzar os braços ou fechar os olhos, aceitando o retrocesso não é uma atitude louvável.
Chame sua mulher de gostosa. Seu marido para debaixo dos lençóis. O mesmo serve para os namorados. Só não permita que todos os avanços como a Era Digital, as descobertas genéticas ou as invenções tecnológicas sejam cobertos pela ditadura, pelos joelhos no milho ou pela hipocrisia da sociedade. Afinal o importante é gozar no final.

Eles e Eles

Eles gritam veados. Eles chamam de bichas. Eles zombam. Eles julgam errado. Discriminam. Apontam como os diferentes. Tentam e às vezes ridicularizam, gerando sentimentos de tristeza, dor e revolta. Há casos de espancamento; É preferível expressar a indignação com socos e pontapés? Mortes? Há também homicídios. Mas o pior é quando o suicídio é uma opção. Onde refugiar-se de tanta agressão? E quando o refúgio é a fonte dos ataques?! Seja em casa ou na rua, no trabalho ou na faculdade, ele existe. Ele está presente.
Eles brincam e adoram as bonecas. Elas correm efusivamente atrás da bola. No futebol ou na casinha há algo em comum. Elas querem, a qualquer custo, usar aquele boné. Eles insistem em calçar o salto da mamãe. Há distinção no lúdico pela professora, que teima em dividir os meninos com o futebol, das meninas com o “pula corda”.
Micropolíticas são criadas constantemente. As Passeatas mobilizam as populações, fortalecem o público gay e enfurecem os “ditos juízes” (aqueles preconceituosos, os machistas, os pequenos, a igreja, os neonazistas) e, infelizmente até as crianças, que passam a crescer num meio aversivo ao que deveria ser considerado no mínimo normal.
O Estado aprova a união homoafetiva, mas a Globo poda o beijo entre dois homens. E o que falar do tão polêmico Kit Gay? Aquele que também foi vedado com o embasamento de que as crianças poderiam ser influenciadas a comportamentos homossexuais ou que a escola estaria aprovando e, até mesmo apoiando as relações entre pessoas do mesmo sexo. O fato é que independentemente da escola aderir ou não ao Kit Gay, os alunos já devem ir educados de casa pelos pais (que na maioria dos casos estimulam o preconceito com as piadinhas “inocentes” e orientações contundentes a esta questão). É válido ressaltar que o papel da escola é ensinar. A educação provém de casa. É de berço. 
Mas o fato do projeto não ter sido aprovado, não deve apavorar tanto. Afinal, seria muito bom para ser verdade: União estável e Kit Gay no mesmo ano. Não né! Muito avanço pra este Brasil. Este Brasil que ainda tem muito a percorrer e a correr também. Correr em busca de uma evolução. Correr em busca dos direitos humanos. Correr atrás da igualdade, do progresso – honrar o lema patriarcal que ilustra nossa bandeira, bem como os sagrados versos da música presente na contracapa daquele livrinho que ocupa sua estante há séculos: “Se o penhor dessa igualdade”; “Em teu seio, ó Liberdade”. Como pode haver igualdade, se na seleção para a vaga de vendedor, o escolhido dificilmente será o homossexual? Quando duas mulheres poderão exercer seus direitos de cidadãs e de casal, sem serem vítimas de agressões físicas ou morais? Ó Liberdade essa!
Entretanto, há muito mais por detrás do hino ou do verde da bandeira do Brasil. Infelizmente ou felizmente, a maioria da população brasileira é católica – os evangélicos estão tentando dominar. Mas o catolicismo ainda predomina. Movimentos e ações de mobilizações caracterizam a opinião da “maioria”. O pastor indignado reúne o povo e cospe insultos contra os gays, os evangélicos tentam justificar afirmando: Ele está possuído! Isto é culpa do diabo. Sobrou pra ele de novo; Aliás, os comportamentos reprováveis (pela igreja) e os próprios instintos primitivos são culpa de quem? Para que responsabilizar o homem por seus atos, quando na verdade é muito mais cômodo culpar o “do mal”. É ele também o culpado pelas notas de cinquenta ou pelo carro zero do pastor?
Sei que muitos aspectos podem não servir como exemplo. Mas por que há casos de prostituição? Jornais apontam que jovens homossexuais seguem este caminho por falta de oportunidades. Oportunidades de inserção no mercado, oportunidades de uma vida melhor, de uma família mais acolhedora. Falta de amor. Falta de elogio – Você não gosta de receber? Alguns fazem por prazer, outros por falta de grana e de melhores oportunidades, sim.
Mas insisto. E quando o suicídio é uma opção? A pior das solidões é a solidão do grupo. Se ele se sente só dentro da própria família e é a razão das chacotas na rua; A escola não tem mais voz ativa, uma vez instalados os pré-conceitos. Surge a autodestruição e a autopunição. E pronto. Neste conflito interno qual é a tática para evitar o pior? Onde preencher estas lacunas? Talvez em si próprio. É preciso se valorizar. Se amar. Buscar em si mesmo o que os outros não podem oferecer.
No final das contas eles podem continuar zombando, ridicularizando, agredindo ou gracejando; Afinal ainda vivemos num país, que considera uma evolução a união estável entre gays e que qualquer mísero avanço neste contexto pode ser um grande passo na luta contra a as diferenças sociais e o preconceito.
Resta-nos, portanto, fazer algo para que de alguma maneira possamos contribuir para esta evolução. Esta evolução que pode começar agora mesmo. Basta você querer.

Esta não é de marcar [x] – 2

Para algumas pessoas, ele é sim um flagelo. Lembro-me da primeira e única vez que prestei vestibular para UFRGS (tentei jornalismo). Uma semana muito tensa. Eu trabalhava numa empresa de Tecnologia, fui liberado. Preparara-me semanas antes. Estudei pouco, sei. Mas decididamente, é um concurso que requer muita concentração e disciplina.
De modo geral, os vestibulares, como tudo na vida, têm seus prós e contras. Isto não é excludente ao ENEM. Provas com questões de múltipla escolha, utilização de algumas muitas fórmulas, textos chatos e embaraçosos, quebra cuca e jogo da memória também são componentes que ilustram a porção das exatas, e pedaços de distintas gravuras, ora auxiliadoras. Mas há mais contras: a preocupação já começa no portão da escola, os olhares soltos e aflitos da oposição e também dos não oponentes – tem gente que não quer jornalismo, canetas à venda chamam a atenção, os gritos da vendedora de águas ecoam junto ao nervosismo dos vestibulandos. Eles também estão presentes; Poderia ser ele, caso fosse um de cada vez. Além das camisetas, não obstante, representantes dos chamados cursinhos preparatórios que tanto lucram, fazem questão de compor aquele transbordamento de pessoal, seja na entrada ou na saída – como se pudéssemos entrar com suas dicas de como e onde utilizar a fórmula da glicose ou a precoce memorização dos fatos relacionados ao período de 39 a 45. São oito horas. Os portões se abrem. A insistência em por os olhos naquele listão é gritante, afinal é bom confirmar os algarismos da sala a ser alocado. Alguns vão ao banheiro, enquanto outros preferem ir tirando o rótulo da garrafa. Lápis, caneta e algumas borrachas sobre as mesas. As mesmas instruções de sempre, que são necessárias e muito. Começam a surgir os prós. Sem falar os que faltam, sempre cai uma ou outra questão similar ou idêntica a estuda no cursinho, na própria escola ou em casa mesmo. Na Literatura, obas surgem para quem leu as obrigatórias, no caso da federal. Na parte de História e Geografia, tudo tende a favorecer quem treinou a performance. No Português, é hora de puxar os macetes da crase e fazer uma ótima interpretação que se estende até as lacunas a serem preenchidas por artigos e alguns cardinais ou ordinais. Mas a boa gramática e os abundantes vocábulos serão necessários também na temida e ao mesmo tempo tão esperada dissertação (em alguns casos ela pode ser preponderante). Na Biologia, Química ou Física, são vários sentimentos; Além do aumento da frequência cardíaca, pode faltar oxigênio e dar aquela falta de ar e pronto, a inércia toma conta. Mas é preciso pensar, ter calma e raciocinar. O bom do inglês, talvez seja o mesmo bom do espanhol, vai depender de cada um. No momento da entrega, um sorriso da monitora pode ser fundamental para ter alivio no ônibus. Mas acredite; de qualquer modo o resultado será maravilhoso. Uma aprovação seguida de uma boa classificação significa um ingresso. Mas uma desclassificação não precisamente expressa uma reprovação, mas sim um tente outra vez, seguido de faltou pouco. E pouco sim, afinal eu espero que você tenha feito a sua parte. 



quarta-feira, 6 de julho de 2011

Você vai chegar lá...



Cheguei aos 60! E agora? O que faço? Sem dúvida, qualquer um que ler esta frase, irá remetê-la imediatamente a alguém da terceira idade. Irá relacionar quem sabe com aquela senhora que, aparentemente, vive cansada, porém alegre com a vida, carregando seu carrinho abarrotado de furtas, hortaliças e alguns pés-de-moleque; ou com aquele tiozinho que vive sentado na entrada da farmácia (feliz por ter conseguido este emprego de porteiro), observando atentamente quem entra e sai, e de vez em quando ganhando agradáveis ou forçados “ois”. O fato é que socialmente falando, a terceira idade chega para quem atinge a casa dos sessenta.
Existe uma comunidade na famosa página de relacionamentos, o Orkut, que pode sintetizar a vontade que me dá quando vejo uma pessoa – aparentemente da terceira idade – em algum lugar. A senhora do carrinho e o tio da farmácia, acima citados não são personagens imaginários, não para mim. Eles existem e os escolhi por serem pessoas que sempre que vejo tenho vontade de cumprimentar e satisfação em ouvir aquela estória. A referida comunidade virtual chama-se: Eu adoro conversar com idosos.
Achei muito engraçado, o dia em que Dona Vale (abreviação do nome dela), me encontrou no supermercado e imediatamente venho cumprimentar-me. No meio do papo eu a mirei e disse-lhe: Mas como a senhora emagreceu. Sua fala sintetizou-se em: É meu filho, eu ando trabalhando demais. Ela sempre troca o meu nome; Chama-me de Rodrigo, Rafael, Rogério e por aí se vai (ela nem sequer chega perto do L). Mas isso não importa. Dona Vale tem dois filhos, mas é ela quem sempre vai às compras e volta pra sua casa repleta de sacolas e sorrisos para distribuir no caminho.
Certa vez, quando voltava da faculdade, tomei o ônibus e quem estava lá? Sim, a querida Dona Vale, sentada em um dos bancos destinados aos demais passageiros. Que assento preferencial o que! Ela faz questão de pagar por seu lugar como qualquer usuário do coletivo. Assim, não tem que depender da boa vontade de quem está já sentado no assento da frente e insiste em fingir que não está fazendo nada de errado; Afinal é muito fácil encostar a cabeça naquela janelinha (que vive fechada), viajar o caminho inteiro “falando ao celular” ou simplesmente recusar-se a ceder o lugar e ponto. Pois é! Dona Vale sentou-se atrás, mas isto não era o suficiente. Ela tinha que fazer algumas reclamações e aproveitou que o ônibus estava lotado para queixar-se do preço da passagem, do espaço que tinha no banco para junto consigo carregar sua neta no colo e duas ou três sacolas, além de tentar brava e insistentemente abrir aquela janela que vive emperrada.
E se tratando de boas maneiras, que tal conhecer melhor o tio da farmácia. Bom! Este tem que me desculpar por todas às vezes que eu o encontro, pois sempre troco seu nome. Para não expô-lo também, vamos chamá-lo mais uma vez de Seu José. Seu José é o típico vovô que leva o cachorro para passear e que nunca reclama quando peço a gentileza de segurar minhas coisas para eu subir na balança da farmácia. Seu José é casado com uma adorada senhora, a Eni. Esta pelo menos não troca meu nome, já o Seu José, nem sei se sabe. O importante é que ele sempre tem um caso inusitado para me contar. Afinal, nem imaginamos os contos que poderiam ser escritos por alguém que observa o dia a dia de uma farmácia.
Mas por trás deste período da vida existem muitos mitos e tabus. É muito fácil para alguém dizer que adora conversar com um idoso, que tem adoração pelos avós, que admira aquele que voltou à escola, mas quando toca-se em questões mais profundas da terceira idade, surgem polêmicas envolvendo até mesmo preconceito com aspectos absolutamente normais; Como por exemplo, a sexualidade na terceira idade. Para você é normal imaginar dois idosos se beijando ou transando? Quantos hoje em plena juventude têm total aversão quando se imagina com o rosto enrugado ou o corpo menos favorecido? Quanto as indústrias (criadas devida a obsessão pela beleza) lucram com procedimentos de implantes e rejuvenescimento com pessoas que não admitem abrir a porta e receber esta fase? Por que o fio branco virou sinônimo de ofensa e precisa ser tapado com doses químicas? Será que são estas as variáveis que resultam na fórmula pela eterna juventude?
Não pense que sempre teremos um José e uma Dona Vale para observar e que se contentar com esta “admiração” é tudo. Que tal sermos mais flexíveis e pacientes quando estamos na fila e a senhora da frente precisa procurar na bolsa o extrato para apresentar ao atendente? Porque não permitir que aquele idoso faça um tremendo esforço para ajoelhar-se, quando na verdade para nós é muito simples passar por cima do jornal caído? Quando será encarada com naturalidade a presença de um casal da terceira idade na balada, sem serem feitos cochichos e brincadeiras ofensivas?
Eu até acho que ser velho já foi bom. Mas isto foi nos tempos de outrora. 




Momento Do Bem

“O que mais vejo é gente que se diz do bem, mas que no cotidiano abusa da grosseria”. Esta frase pode ser encontrada facilmente em um dos trechos do texto “Paz”, da brilhante Martha Medeiros e é sobre ela (a frase) que quero refletir desta vez.
Cada um tem sua maneira de ser, de viver e de levar a vida. Dando boas gargalhadas com os repetidos, mas engraçadíssimos episódios do Chaves ou enxugando as lágrimas, depois de chorar incessantemente com o filme Ghost; O fato é que são inúmeras as maneiras pelas quais as pessoas podem expressar suas vontades e sua forma de viver.
Quando estamos em um lugar e, de repente, vem aquela pessoa tentar uma conversa, como quem não quer nada ou, até mesmo, quando aquela querida senhora faz questão de contar como foi seu percurso até chegar àquele local... Não podemos ignorar que existem momentos onde nos deparamos com as mais diversas situações e que demonstrar-se solidário e educado é o modo mais adequado de ser gentil.
Na situação, por exemplo, em que estamos em um ônibus e este, por sua vez está lotado, é comum que as pessoas acumulem-se em um aglomerado, seja na entrada, no meio ou no fundo do coletivo. Gestantes, obesos, idosos, deficientes físicos e os demais passageiros. Vamos admitir que independente dos grupos acima citados, todos querem viajar sentados e confortáveis no veículo. Porém, isso se torna um grande desafio, quando além de ter que buscar e ,às vezes, disputar um misero banco no ônibus, também é preciso decidir se o lugar que foi adquirido depois de quase 25 minutos em pé, será cedido ou não àquela senhora que não está no assento preferencial por falta de banco ou para aquela mãe com sua filinha nos braços, que acabara de embarcar.
E o que falar daquelas vezes em que ficamos por minutos e, em certos casos, por horas pendurados no telefone, esperando que caridosamente alguém possa nos atender e “solucionar” o problema da TV, da internet ou do próprio telefone (ou celular). Em muitas ocasiões o serviço de atendimento ao cliente dessas empresas de telecomunicação deixa a desejar. Ouvir a mesma musiquinha e o mesmo script já é algo que pode provocar indignação em qualquer pessoa. O pior é quando, após um grande período de tempo já no aguardo, a ligação cai, o sistema está fora do ar ou o problema não é solucionado. É possível manter a compostura neste caso?
E se formos parar para pensar em todas às vezes que passamos por uma pessoa e dizemos: “Oi! Tudo bem?” – você pára para escutar a resposta da pergunta? Se não, por que perguntar. E quando perguntado, como você responde? “Estou bem, obrigado” ou “Bem! e você?”. O importante é saber que esta forma comunicação e de cumprimentos é usada demasiadamente e tornou-se comum utilizá-la com qualquer pessoa, em qualquer condição.
Agora, se você é uma pessoa que se diz do bem, que pratica o bem, independentemente das circunstâncias, vale saber que o fundamental para lidar com quaisquer situações é manter o jogo de cintura e as boas maneiras. Assim, sem dúvida você estará fazendo o bem, afastando-se da grosseria.